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Bem-vindo ao Lar São Vicente de Paulo

 77 ANOS DE BONS SERVIÇOS À SOCIEDADE

 

HISTÓRIA

Bem-vindo ao Lar São Vicente de Paulo

Esta casa tem recebido ao longo de 77 anos muitos idosos da sociedade Santarena. Acolhendo com generosidade, especialmente aqueles que se encontram em situação de risco, o lar oferece cuidados contínuos, assistência médica, Tratados com delicadeza, os idosos encontram no Lar São Vicente a segurança e a assistência necessária para essa etapa tão importante da vida.

Além de ser uma das Obras Sociais da Arquidiocese de Santarém é considerado uma ILPI. 

 

A expressão "Instituição de Longa Permanência para Idosos"-ILPI foi adotada atualmente pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) para ser utilizado não como um simples sinônimo de Asilo, mas como uma nova organização e gestão de moradia para idosos.

 

As ILPIs devem ser adaptadas e regulamentadas perante as leis para manter um padrão mínimo de funcionamento. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária -ANVISA estabelece normas a serem aplicadas em todas as ILPIs, governamental ou não.

 

Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) é uma instituição de grande relevância social, com a missão de acolher, por período integral e permanente pessoas com 60 anos ou mais, de ambos os sexos, com diferentes necessidades e graus de dependência, que não dispõem de condições para permanecer na família.

Devido aos esforços de muitos Vicentinos no sentido de atender a Idosos desamparados, visando proporcionar um local adequado e estruturado para abrigar estes idosos, temos hoje o Asilo São Vicente de Paulo. Em 08 de março de 1942, o então recém-chegado, Monsenhor Anselmo Pietrula, em uma reunião lançou a ideia da fundação de um asilo. Em 06 de novembro de 1942, foi constituída uma comissão com a finalidade de "Coordenar e Promover a Campanha Pró-Asilo dos pobres de São Vicente de Paulo". Os trabalhos de construção da primeira ala foram incrementados graças aos esforços de Vicentinos Abençoados como Manoel Gomes de Faria, Manoel Correa Sobrinho, João Vieira Cardoso, Miguel Furtado e Frei Francisco Goedde.

Em 19 de julho de 1947, uma ala do prédio ficou pronta e podia abrigar os 10 primeiros Idosos da respectiva instituição.

O Asilo São Vicente de Paulo é uma instituição filantrópica pertencente as Obras Sociais da Arquidiocese de Santarém, tendo como objetivo a promoção humana, através da assistência social e religiosa, com capacidade para abrigar 30 idosos residentes na região de abrangência da Arquidiocese de Santarém.

. É mantida financeiramente por doações de contribuintes mensais; 70% dos benefícios previdenciários e assistenciais dos idosos; conforme determina a lei 10.741-Estatuto do Idoso; pagamentos de penas pecuniárias e doações diversas não regulares.

 

Seu quadro funcional conta com 21 funcionários, sendo: 01 Coordenador, 01 secretária, 01 psicólogo, 01 assistente social, 01 enfermeiro, 01 terapeuta ocupacional 08 cuidadores, 02 cozinheiros, 03 serviços gerais 01 lavadeira e 01 menor aprendiz.

Nossa História

Por Pe. Sidney Augusto Canto


 

Dom Anselmo Pietrulla, novo Prelado de Santarém, logo ao chegar procurou conhecer a realidade não somente religiosa, mas também as carências sociais existentes no meio do rebanho que lhe fora confiado. Sabendo da existência dos Vicentinos e do trabalho que alguns abnegados senhores faziam perante a velhice desvalida, Dom Anselmo decidiu visitar a Conferência e fazer a proposta da construção de um Asilo para os idosos pobres de Santarém, conforme podemos ler na notícia publicada no jornal “O Mariano” de 27 de março de 1942:A conferência de São Vicente de Paulo, da paróquia de Nossa Sra. da Conceição, desta nossa abençoada terra, recebeu a visita honrosa de Mons. Anselmo, em sua reunião de 08 de março corrente.Saudado por um vincentino, o nobre e dedicado apóstolo da fé cristã discorreu proficientemente, a seguir, sobre assuntos religiosos a todos prendendo com a sua palavra fluente de entusiasmo e encorajamento.Nasceu dessa feliz oportunidade a ideia da criação, entre nós, de um asilo para os pobres. A sugestão proposta por Mons. Anselmo foi aceita prazerosamente e a Conferência de São Vicente tomou a si o encargo de estudar cautelosamente os planos da ingente tarefa, entrando logo em contato com as autoridades locais, tratando do magno problema.Em linhas gerais, podemos adiantar que o novo estabelecimento de que será dotada nossa cidade compreenderá um múltiplo alcance, como seja: - a) – manutenção dos pobres e assistência técnica; b) – amparo aos filhos dos pobres, mediante proteção devidamente articulada entre a Conferência e o juizado de menores; c) – assistência espiritual; d) – melhoramento ordem social para Santarém e cidades próximas; e) – libertação do comercio e do povo do hábito inconveniente e às vezes abusivo da mendicância; etc...A Conferência estuda meticulosamente o assunto e em breve iniciará os preparativos para o lançamento da pedra fundamental, o que, segundo se espera, ocorrerá em princípios de 1943.Pode parecer, à primeira vista, que muita dificuldade aguardará, nas quebradas da estrada, aqueles que veem com demasiada facilidade a realização de um tão importante serviço. Isto, porém, não será senão um óbice a encarar. O orçamento ascenderá, sem dúvida, a algumas dezenas de contos de réis, mas a força propulsora desta grande obra será a proteção de Deus.Já dizia Ruy Barbosa, que tudo aquilo que se inicia deve ser considerado a meio termo de sua conclusão. Jornada cheia de espinhos terá que ser perlustrada e muita falta de disposição há de ser encontrada; todavia, a vontade férrea da gente santarena e da alma vincentina será a melhor alavanca desta humanitária e útil instituição, em tão boa hora inspirada por Deus, através de um dos seus mais dignos ministros.Quem dá ao pobre empresta a Deus, diz o brocardo. E acobertados sob a realidade deste axioma, os idealizadores da obra levarão de vencida uma causa que para os céticos e pessimistas se consubstancia na palavra – impossibilidade.Tal iniciativa preencherá uma lacuna em nosso meio e assinalará um grau a mais no progresso desta terra hospitaleira.Homens que vegetam em nossa sociedade hão de emprestar a ideia o menosprezo que lhes dita a consciência egoísta. Eles julgam-se paladinos de todas as obras porque provém de troncos tradicionais, mas ignoram que na opinião dos homens de bem, dos que trabalham pela grandeza de Santarém, eles não passam de simples rebotalhos sociais, porque vivem para si próprios e cuidam dos interesses próprios e, às vezes até sem conforto, esquecidos de que o egoísmo é uma miséria moral condenada por Deus.

Ao longo daquele ano a ideia foi ganhando força entre os membros da Confraria, até que, sob a presidência do senhor Manoel Gomes de Faria, no dia 06 de novembro de 1942, a Conferência de São Vicente de Paulo decide por criar uma Comissão Especial com a finalidade de coordenar e promover a Campanha denominada “Pró-Asilo dos Pobres de São Vicente de Paulo” na cidade de Santarém. A citada comissão ficou assim constituída:

Presidente: Antônio de Andrade Figueira;

Provedor: Dr. Silvério Sirotheau Corrêa;

Tesoureiro: Manoel Corrêa Sobrinho;

Secretário: José Cardoso da Rocha;

Membros: João Viera Cardoso, Filoxenes Calandrini de Azevedo, Osman Bentes de Souza e Emanuel Jose Gonçalves.

O primeiro trabalho desta Comissão, realizado ao longo de 1943 foi o de averiguar um terreno onde pudesse ser edificado o Asilo. Para este serviço ficaram responsáveis os vicentinos: Filoxenes Azevedo, Osman Bentes e José Cardoso da Rocha. O primeiro terreno sondado ficava no bairro da Prainha, de propriedade dos herdeiros de João Batista Miléo. Quanto à planta do prédio, o desenhista santareno Manoel Maria Gentil se prontificou junto à Comissão para fazer a mesma gratuitamente. Enquanto isso, diversas listas de subscrição foram espalhadas a diversas pessoas da cidade, com o objetivo de angariar recursos para começara a obra do Asilo.

Em 30 de julho de 1943, o Prelado, Monsenhor Anselmo Pietrulla, propôs à Comissão que declinasse da proposta do terreno dos herdeiros de João Batista Miléo, propondo que a Comissão fizesse uma nova pesquisa de um lugar mais “perto e acessível às necessidades do serviço atinentes à altruística finalidade do asilo”. Para melhor assessorar a Comissão responsável pela escolha do terreno, o Prelado indicou a pessoa de Frei Rogério Voges, OFM. Posteriormente foi sondado um outro terreno, pertencente a Geraldo Alho.

Enquanto isso, o povo ia acorrendo, ajudando a angariar recursos para a construção do Asilo. Em 08 de agosto de 1943, o Ginásio Dom Amando promoveu um torneio esportivo no “Campo de São Francisco” (posteriormente conhecido como Estádio Elinaldo Barbosa), em prol da construção do abrigo dos idosos.

Entrementes, a Comissão sofre a perda de seu presidente, Antônio de Andrade Figueira, falecido em 1943. Foi substituído pelo sr. Miguel A. Furtado, que assumiu a presidência da Comissão a 17 de dezembro desse ano. Uma de suas primeiras conquistas foi conseguir, junto ao Prefeito Municipal, uma ajuda para a construção do Asilo. Essa ajuda veio por meio da Portaria 117, de 24 de dezembro de 1943, determinando a “transferência da cobrança do Imposto de Caridade em benefício das obras do Asilo a cargo da Conferência de São Vicente de Paulo, desta cidade”.

O ano de 1944 começa com a prestação de contas do trabalho que a Comissão havia feito no ano anterior. Até o dia 02 de fevereiro, a arrecadação marcava a cifra de Cr$ 19.328,40. No dia 16 de junho desse mesmo ano, a quantia arrecadada já era de Cr$ 27.133,40, chegando a Cr$ 52.595,30 no dia 07 de novembro. Os trabalhos eram incansáveis. O povo ia colaborando nas listas de subscrição, torneios eram realizados, e toda sorte de ideias eram bem vindas, entre elas a instituição de um “Livro de Ouro”. A Legião Brasileira de Assistência – LBA, colocou à disposição da comissão a doação de 20 leitos para os idosos, isso, antes mesmo de começar a construção do Asilo.

É necessário registrar aqui o apoio dado pelas Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição que fizeram a doação de parte do terreno que possuíam para aumentar o patrimônio já adquirido pela Conferência Vicentina, entre as avenidas Mendonça Furtado e Presidente Vargas. Em vista do andamento da arrecadação de recursos, a Conferência decide, no dia 19 de novembro de 1944, fazer o lançamento da “Pedra Fundamental” da grande obra, durante a passagem do “benfeitor” Magalhães Barata, interventor do Estado do Pará, quando de sua passagem por Santarém.

Foi assim, que, às 16 horas do dia 21 de novembro do mesmo ano, com a presença do Interventor Magalhães Barata, do Prefeito Ildefonso Almeida e de outras autoridades, civis e religiosas, foi iniciada a construção do Asilo de Santarém. Da ata do evento extraímos o texto que segue:(...) – procedeu-se ao lançamento da primeira pedra do edifício que se destina a ser o “Asilo dos Pobres”, construção de iniciativa da Conferência de São Vicente de Paulo de Santarém, custeada por meio de contribuições dos associados vicentinos, das autoridades e do povo. Foi oficiante do ato religioso, constante da benção ao local, o reverendo frei Francisco José, da Ordem dos Franciscanos Menores, e como orador oficial do ato discursou o confrade vicentino Fernando Veiga dos Santos. (...) A atual Diretoria da Conferência de São Vicente de Paulo, desta cidade, é a seguinte: Presidente, Manoel Gomes de Faria; 1º Vice-presidente, Manoel Ladislau Branco; 2º Vice-presidente, Manoel Cornélio Caetano Corrêa Sobrinho; 1º Secretário, Santino Sirotheau Corrêa, digo, 1º Secretário, José Cardoso da Rocha; 2º Secretário, Santino Sirotheau Corrêa; Tesoureiro, João Vieira Cardoso.

 

Um fato digno de menção foi o descontentamento do Interventor com o local escolhido para a construção do Asilo. Magalhães Barata achou o local “muito afastado da cidade”. Hoje, entretanto, sua localização é totalmente central.

Lançada a pedra, os trabalhos foram sendo realizados conforme as condições permitiam. Uma série de eventos eram realizados em prol da construção do Asilo. Na véspera do dia de Natal, naquele ano de 1944, de forma excepcional, a Barraca da Festa de Nossa Senhora da Conceição, funcionou para oferecer um jantar em benefício das obras de construção do Asilo. O jornal de Santarém, que circulou um dia antes, mostrava-se esperançoso com relação ao evento: “É de prever que a Barraca, centro chique de diversões nas nossas grandes datas festivas, mais uma vez não comportará o grande número de pessoas que desejam concorrer para as obras pias”.

A construção seguiu com dificuldades, mas também contou com a colaboração que vinha tanto de pessoas abastadas da sociedade santarena, como de pessoas e instituições que, mesmo não possuindo grandes posses, não se negaram a contribuir para a esta grande obra. Para ilustrar, abaixo colocamos uma notícia de uma dessas mobilizações, publicada no “Jornal de Santarém”, de 04 de outubro de 1947, denominada como a “Festa da Sociedade dos Amigos de Santarém”:Digno de elogios é, por certo, o gesto da diretoria da Sociedade dos Amigos de Santarém.Ao festejar, no próximo dia 04 de outubro, o primeiro aniversário de sua fundação, resolveu realizar uma festa dançante em benefício das obras do Asilo São Vicente de Paulo.O que significa para a cidade o futuro amparo à velhice, bem o sabemos. As dificuldades que os seus idealizadores encontram para o término de tão humanitária e altruística obra são visíveis.Não podia, pois, deixar de calar profundamente ao espírito público essa mui simpática atitude da Sociedade dos Amigos de Santarém, vindo ela, como realmente vem, ao encontro dos desejos da cidade.Resta que todos auxiliem, comparecendo ao Centro Recreativo, adquirindo ingressos para a festa, pedindo reserva de mesa, cooperando de qualquer forma para a concretização de mais uma conquista – talvez a maior – conseguida pelo povo santareno. Aqui expressamos os nossos parabéns pelo evento do dia 04, e deixamos consignado o nosso voto de louvor e incentivo.Porque alcançamos a finalidade do Asilo e porque sentimos que a velhice pobre, esmoler, já tem direito de possuir a sua casa, onde possa viver em paz e, em paz, de lá, um dia volver ao seio de Deus.

Em 1947, no dia 19 de julho, Frei Francisco Goedde celebra a primeira Missa no interior do primeiro pavilhão do Asilo São Vicente. Apesar de os trabalhos ainda não estarem totalmente concluídos, neste dia foram acolhidos os primeiros 10 idosos pobres, que dependiam da assistência social dos Vicentinos, para morarem no Asilo de Santarém. As obras prosseguiam, sempre contando com o vigor da Sociedade São Vicente, que não media esforços para ver a obra concluída. No início de 1948, o total de idosos atendidos chegou a um total de vinte, o que levou a construção de um segundo pavilhão para atender a demanda existente.

 

No início do de 1948, apesar das dificuldades que os professores do município passavam (principalmente por conta pouco salário que ganhavam), fizeram uma coleta que rendeu a importância de Cr$ 480,00 (quatrocentos e oitenta cruzeiros), entregue ao Asilo. Outras doações chegavam, conforme podemos ver na notícia abaixo, publicada no jornal “O Mariano”, 28 de março de 1948:Apenas terminados os trabalhos materiais no Asilo, ficou logo ocupado pelos necessitados, de forma que até a sala de visita está habitada, e ainda muita gente pede, pelo amor de Deus agasalho, apesar de o Asilo não poder oferecer outra coisa senão as 4 paredes de um pobre quarto sem mobília, nem luz, nem nada. Aceitamos de boa vontade qualquer cadeira quebrada, ou mesa supérflua, para não falar em armário encostado ou qualquer mobília usada.De Óbidos agradecemos sinceramente uma saca cheia de roupa usada, porém bem conservada e que nos presta ótimos serviços.De Santarém mesmo já recebemos 8 cadeiras.Quando será possível arranjar também os alimentos para os asilados, para que não sejam mais obrigados a esmolar de porta em porta???

Para ajudar a compreender esses primeiros tempos da história do Asilo de Santarém, é importante destacar aqui um relato, feito pelo próprio Frei Francisco José Goedde, OFM, publicado no jornal de Santarém de 19 de fevereiro de 1949:Em janeiro, o Asilo de São Vicente, desta cidade, completou um ano de existência. Levantado pelos Vicentinos, tem por finalidade abrigar a velhice desamparada e aliviar, conforme os recursos, a pobreza extrema de nossos irmãos.Ainda não estava pronto e já abrigava os primeiros asilados no princípio do ano p.p. que, entretanto, ainda tinham de esmolar nas ruas para adquirir os alimentos necessários ao sustento. No decorrer do ano, porém, foi garantida a alimentação destes asilados por meio de contribuições semanais de muitos benfeitores, contribuições estas que agora se elevam a Cr$ 600,00 por semana.Quando o número dos asilados chegou a 20 pessoas, tornou-se imperioso começar a construção do novo pavilhão, que foi iniciado em junho do ano p.p. existindo apenas Cr$ 50,00 no cofre. Graças ao espírito generoso de muitos benfeitores, entre eles D. Anselmo, o sr. Prefeito Municipal, o sr. Farias, o sr. Raimundo Figueira, o sr. Bemerguy de Itaituba, entre outros, o pavilhão, no fim do ano, estava coberto de telhas, medindo 20 metros de comprimento e 6 de largura.Neste pavilhão, provisoriamente instalada a cozinha e o refeitório, e foi contratada uma cozinheira para preparar a comida.A administração do Asilo está confiada a A. Francisca Figueira que, com muito zelo e dedicação, cuida do bem estar dos asilados, ficando, porém, a responsabilidade do Asilo à Diretoria da Conferência Vicentina.No ano passado faleceram 05 asilados que, todos, já tinham entrado com doenças graves e incuráveis, porém, precisamos frisar aqui que não podem ser admitidas no Asilo pessoas doentes, porque a finalidade do Asilo não é curar doentes, mas, sim, amparar pobres e velhos.Em meio do ano passado, a Diretoria, confiando na generosidade dos santarenos, começou também a distribuir esmolas aos pobres da cidade, a fim de diminuir a mendicância na cidade. Porém, em dois meses, o número destes atingiu 40 pessoas, e as dívidas se elevaram a mais de Cr$ 6.000,00 de forma que, muito a contragosto, foi suspensa a distribuição destas esmolas.Este ano, estamos aguardando a subvenção de Cr$ 1.000,00 mensais, votada no orçamento do Estado, graças a boa vontade do Governo. Do município já estamos recebendo Cr$ 500,00 mensais, também votados no orçamento do município.A todos os benfeitores e contribuintes, principalmente às zeladoras que, abnegadamente percorrem semanalmente as casas, recolhendo as contribuições, desejamos abundantes bênçãos de Deus e fazemos votos que todos continuem e não se deixem desanimar pelas dificuldades, para que o Asilo possa continuar a viver e ainda ser ampliado de acordo com os planos, pois faltam ainda dois pavilhões, um para senhoras e outro para refeitório e cozinha.

Inaugurado o Asilo, ele começou a cumprir seu objetivo. Construir não foi tão fácil, mas manter a casa funcionando até os dias de hoje também foi um grande desafio. Vejamos, a seguir, alguns dos momentos mais importantes ao longo dessa nossa história. Alguns deles foram de esperança e alegria, outros de desafio e tristeza.

A vida no Asilo também era uma vida ligada à fé. Eram celebradas Missas, realizadas orações (principalmente o terço), etc. No dia 21 de setembro de 1953, os idosos atendidos pelo Asilo tiveram a grata visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que veio de Portugal ao Brasil. Acompanhava a peregrinação o Monsenhor Marques dos Santos, representante do Bispo de Leiria (Fátima) e pelo Revdo. Padre Demoutiez, diretor da Peregrinação. A visita ao Asilo foi um momento de profunda comoção por parte dos organizadores e uma verdadeira alegria para os idosos.

O Asilo sempre enfrentou dificuldades para sua manutenção. Nem sempre as coletas e doações feitas pelos membros da Conferência São Vicente de Paulo eram suficientes. Assim eram realizadas diversas promoções para ajudar a manter as obras de assistência aos idosos. Filmes eram exibidos nos cinemas, peças de teatro eram encenadas, tômbolas eram feitas, tudo com rendas em benefício dos idosos. Também as quermesses se tornaram um alívio para as rendas da casa, como podemos ver nesta notícia publicada no “Jornal de Santarém”, em 18 de junho de 1955:A comissão patrocinadora dos festivais em favor do Asilo de São Vicente, nesta cidade, tem o prazer de convidar as autoridades civis, militares e eclesiásticas, as associações de classe e religiosas, o Comércio, a Indústria, o Operariado e o povo em geral para cooperarem nos dias 22, 23 e 24 do corrente, comparecendo às quermesses em benefício dos pobres velhinhos ali asilados.Como nos anos anteriores, a partir das 8 horas da noite, haverá sensacionais programas de músicas e diversões no pátio do Asilo, onde serão encontradas finas e apetitosas iguarias regionais e bebidas geladas, tarubá, munguzá, tacacá, açahi [sic], aluá, etc. etc. a escolha dos mais refinados paladares.A primeira noite, de 22 de junho, será dedicado ao Comércio, Indústria, funcionários públicos que, decerto, não deixarão de trazer a maior animação à noite.A segunda noitada, de 23 de junho, espera a comissão contar com a presença de todo o operariado mocorongo, os chofers e o povo caridoso de Santarém.Foi dedicada ao SESP, aos dignos funcionários do Banco do Brasil, do Banco de Crédito da Amazônia, da Caixa Econômica, dos Institutos dos Comerciários e Marítimos, da IAPTEC, da mocidade alegre e vibrante desta terra, a noite de 24 de junho. O produto dos festivais reverterá em benefício da manutenção daquela casa de caridade, pelo que ninguém se deve escusar de oferecer completa cooperação.

Em 1964, a Prelazia de Santarém acolhia as Irmãs Franciscanas Filhas dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, oriunda dos Estados Unidos da América. As primeiras foram Adiana Shannon, Gemma Backer e Marta Friedman. Dom Tiago Ryan instalou essa primeira comunidade religiosa no Asilo São Vicente de Paula. Posteriormente, as irmãs ocuparam parte do terreno do Asilo para construir o atual Hospital e Maternidade Sagrada Família.

Na década de 1970, a diretoria da Sociedade de São Vicente, mantenedora do Asilo, procurou valorizar o “Dia do Ancião”, celebrado na festa de seu padroeiro, São Vicente de Paulo. Na década seguinte, foi instituída a “Semana do Idoso”, repleta de atividades que eram promovidas tanto para interação com os idosos residentes no Asilo, como para ajudar a arrecadação de recursos para a manutenção do mesmo. Posteriormente, as atividades celebrativas se estenderam para todo o mês de setembro: “O Mês dos Idosos”.

Essas “comemorações” também se tornaram momentos de encontro entre a sociedade santarena e seus idosos. Nesses encontros muitas histórias de sofrimento, dor, abandono, mas também muitas alegrias de pessoas e grupos que, dão de si aos outros. Um exemplo que podemos destacar, ainda na década de 1970, era a do Movimento de Cursilhos de Cristandade, MCC, que, em um sistema de rodízio diário, contribuía com a sopa, o jantar noturno dos 30 asilados que moravam na casa, um trabalho que durou muitos anos.

A Conferência de São Vicente de Paulo, em Santarém, não possuía personalidade jurídica. Para manutenção do Asilo foi preciso criar uma entidade jurídica que pudesse, ligada à Conferência, realizar a manutenção de forma legal. Por isso, em 28 de dezembro de 1949, foi fundada a “Sociedade de São Vicente de Paulo”, que teve seu estatuto oficialmente aprovado em 02 de dezembro de 1955, reformado em 31 de maio de 1978, pela Assembleia Geral. Desde o início, estava estabelecido que, em caso da dissolução da Sociedade, “todos os bens patrimoniais ficarão incorporados ao patrimônio da Prelazia de Santarém”. Assim, confiavam que a Igreja Católica deveria continuar os trabalhos iniciados pelos vicentinos de Santarém.

Uma das primeiras providências, foi o registro da Sociedade no Conselho Nacional de Serviço Social, o que ocorreu no dia 12 de fevereiro de 1956. Mais tarde, ela foi tornada de utilidade pública municipal pela Lei Nº 2.627, de 03 de junho de 1966. Mais tarde, também foi considerada de utilidade pública estadual, pela Lei Nº 4.389, de 31 de maio de 1972.

Em vista das dificuldades que passava a Sociedade de São Vicente de Paulo para a manutenção do Asilo, foi realizado um convênio, em 30 de abril de 1985, entre a dita Sociedade e a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, por meio do qual a paróquia assumia a manutenção dos idosos no Asilo. Tal decisão foi tomada por conta, principalmente, da idade avançada de muitos dos antigos vicentinos e a pouca renovação de novos associados.

Desde então, a paróquia vinha fomentando uma nova vida ao Asilo. Os párocos tinham um cuidado especial para com a vida dos idosos. No entanto, diversos leigos assumiram com responsabilidade a manutenção dos idosos naquela casa.

O cuidado com a saúde do corpo e do espírito dos idosos, também envolvia empresários e pessoas de melhores condições que, muitas vezes, ajudaram não somente na alimentação, mas também com reformas e adaptações que proporcionaram maior conforto para os idosos que moram nas dependências do Asilo.

Em 26 de janeiro de 2009, o Asilo São Vicente de Paulo passou da responsabilidade da acima citada paróquia e foi incorporado à “Obras Sociais da Diocese de Santarém”. Em 16 de agosto de 2010, o Asilo São Vicente de Paulo aprova um novo Regimento Interno, estabelecendo os critérios para o acolhimento e manutenção de novos idosos naquela casa. Isto levou, em 2012, à criação do “Plano de Ação” para atender 30 idosos “provenientes de famílias carentes, em situação de risco pessoal e social, ou em situação de total abandono”.

Com o falecimento dos antigos vicentinos, que iniciaram a obra do Asilo e a incorporação da manutenção do mesmo à “Obras Sociais da Diocese de Santarém” fez com que, em 10 de fevereiro de 2015, a Assembleia Geral reunida optou pela dissolução da Sociedade de São Vicente de Paulo. Desde então, o Asilo São Vicente de Paulo, agora sob a direção das “Obras Sociais da Diocese de Santarém”, vem vivendo, a cada dia, superando as dificuldades e sendo um testemunho de responsabilidade social com os idosos santarenos.

Nestes mais de 70 anos de história, muito temos que agradecer. Principalmente aos abnegados leigos da Conferência São Vicente de Paulo de Santarém, que no amor a Deus, na pessoa do próximo, souberam doar de seu tempo, de seus recursos e de sua vida, para cuidar dos pobres que, alegres possam recebe-los nas alegrias dos céus.